Tendências Globais em Logística Last Mile

O crescimento acelerado do e-commerce e do delivery transformou a logística last mile em um dos maiores desafios para empresas do setor. Com a popularização do consumo sob demanda e a exigência por prazos de entrega cada vez menores, empresas em todo o mundo têm apostado em soluções tecnológicas e operacionais para aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a experiência do cliente.

O mercado brasileiro, em plena expansão, pode se beneficiar diretamente dessas estratégias. O que empresas como DoorDash, Uber Eats e Amazon têm feito para otimizar suas entregas? Quais tendências internacionais podem ser adaptadas ao Brasil?

1. A Nova Mentalidade do Consumidor e a Pressão por Agilidade

Um dos fatores mais decisivos para o sucesso da logística last mile é o comportamento do consumidor moderno. Segundo o relatório “State of Customer Experience 2025”, da Hyken, 80% dos consumidores afirmam que a experiência com a entrega influencia diretamente sua decisão de recompra. Ainda mais relevante é o dado de que mais de 70% dos consumidores esperam que a entrega seja realizada no mesmo dia ou, no máximo, em até 24 horas.

Esse novo padrão de expectativa está diretamente relacionado ao avanço das tecnologias logísticas, que tornaram a entrega rápida uma realidade em mercados mais maduros. Para o Brasil, adaptar-se a essa demanda crescente é essencial para empresas que desejam manter competitividade e fidelizar clientes em um cenário cada vez mais dinâmico.

2. Diversificação das Operações: Muito Além do Food Delivery

Embora o delivery de alimentos tenha impulsionado o crescimento da logística last mile, a diversificação dos serviços tem sido essencial para a sustentabilidade das operações. Nos Estados Unidos e Europa, plataformas como DoorDash e Uber Eats expandiram seus serviços para incluir entregas de farmácias, supermercados, lojas de conveniência e até vestuário e eletrônicos.

Essa estratégia reduz o tempo ocioso das frotas e otimiza o aproveitamento de recursos, permitindo que a mesma estrutura logística atenda diferentes nichos de mercado. No Brasil, esse modelo pode fortalecer empresas de logística locais, garantindo eficiência e melhor uso dos entregadores.

Segmentos com alto potencial de expansão no país incluem:

  • Supermercados e minimercados;
  • Farmácias e delivery de medicamentos;
  • E-commerces de eletrônicos e moda;
  • Logística corporativa e entrega de documentos.

A diversificação torna a operação mais resiliente, rentável e dinâmica ao longo do dia, ampliando as possibilidades de faturamento para empresas que atuam na última milha.

3. Automação e Inteligência Artificial na Roteirização

A adoção de tecnologias de automação tem sido um divisor de águas para empresas que buscam transformar sua logística. Gigantes como Amazon, FedEx e DHL já utilizam inteligência artificial (IA) para automatizar a roteirização de entregas, prever comportamentos de demanda e reduzir custos operacionais.

No contexto brasileiro, soluções como roteirização inteligente, despacho automático e monitoramento em tempo real tornam-se cada vez mais acessíveis. Empresas que integram essas funcionalidades ganham em precisão, agilidade e controle da operação.

A automação permite, por exemplo, que as rotas de entrega sejam constantemente otimizadas, com economia significativa de tempo e combustível — um fator determinante nas grandes cidades brasileiras, onde o trânsito e as condições urbanas afetam diretamente a eficiência logística. Além disso, os sistemas de despacho automático atribuem as entregas aos entregadores com base em critérios como proximidade, disponibilidade e desempenho anterior, reduzindo falhas humanas e melhorando o fluxo operacional.

Outro ponto essencial é a rastreabilidade das entregas. O monitoramento em tempo real oferece total transparência para os clientes e possibilita ajustes imediatos na operação, caso ocorram imprevistos. A análise de performance, baseada em dados concretos gerados pela automação, fornece aos gestores insights valiosos sobre produtividade, pontualidade e satisfação do cliente. Esses dados alimentam relatórios e dashboards que orientam a tomada de decisão, ajudando a identificar gargalos e oportunidades de melhoria contínua.

A digitalização da logística last mile é, portanto, um passo inevitável para empresas que desejam permanecer competitivas e sustentáveis, acompanhando as exigências de um consumidor cada vez mais criterioso e imediatista.

4. Sustentabilidade como Pilar da Logística Moderna

Com o aumento das entregas urbanas, cresce também a preocupação com o impacto ambiental. Empresas ao redor do mundo têm adotado medidas sustentáveis que reduzem a emissão de carbono e reforçam o compromisso com o meio ambiente.

Algumas iniciativas relevantes incluem:

  • Adoção de frotas elétricas ou híbridas;
  • Uso de bicicletas e modais alternativos em centros urbanos;
  • Embalagens biodegradáveis e recicláveis;
  • Centros de distribuição urbanos para reduzir as distâncias percorridas.

Além de reduzirem custos operacionais a longo prazo, essas estratégias fortalecem a imagem das marcas diante de consumidores cada vez mais conscientes e exigentes.

5. Internacionalização e os Desafios Logísticos

A globalização impulsionou o movimento de internacionalização de empresas de entrega. O exemplo de empresas como Rappi, que expandiu suas operações para toda a América Latina, mostra como o planejamento logístico pode romper fronteiras. Essa estratégia tem se tornado cada vez mais atrativa para empresas brasileiras, que enxergam em mercados vizinhos uma grande oportunidade de crescimento.

Entretanto, expandir para novos mercados traz desafios importantes, como a adaptação às legislações alfandegárias e tributárias específicas de cada país, a superação de barreiras linguísticas e culturais, a integração com infraestruturas logísticas locais e a harmonização entre plataformas e sistemas tecnológicos distintos. Esses fatores, quando não bem planejados, podem afetar diretamente os prazos, os custos e a qualidade do serviço oferecido ao cliente final.

Para superar essas barreiras, as empresas precisam investir em tecnologia escalável e flexível, que permita integração rápida com novos parceiros e sistemas locais. A escolha de parceiros logísticos estratégicos e confiáveis em cada região também é fundamental para garantir a eficiência da operação. Além disso, adotar estratégias personalizadas, respeitando as especificidades culturais e comportamentais dos consumidores de cada país, aumenta as chances de sucesso na expansão. Um plano logístico bem estruturado, aliado ao uso de dados para tomada de decisão, é o que permitirá que empresas brasileiras se destaquem na arena internacional e mantenham sua competitividade em escala global.

6. Inovações Futuristas: Drones, Robôs e Entregas Autônomas

Embora ainda distantes da realidade brasileira em larga escala, os testes com drones, veículos autônomos e robôs de entrega já são realidade em países como China, Japão e Estados Unidos. Amazon Prime Air, JD.com e Meituan vêm testando entregas com drones em áreas urbanas e remotas com resultados promissores.

Essas tecnologias visam não apenas acelerar a entrega, mas também reduzir drasticamente os custos operacionais e o impacto ambiental. À medida que a regulamentação avança e os custos de implementação diminuem, é possível que o Brasil também adote soluções autônomas nos próximos anos, especialmente em grandes centros urbanos.

7. Conclusão

As tendências globais em logística last mile indicam um caminho claro: eficiência operacional baseada em tecnologia, adaptação de modelos internacionais e preocupação com sustentabilidade. Empresas brasileiras que souberem interpretar esses sinais e adaptar suas operações estarão mais preparadas para competir em um mercado cada vez mais exigente.

Investir em automação, diversificação, inovação e planejamento estratégico é fundamental para enfrentar os desafios da última milha com solidez. Ao acompanhar as mudanças globais, adaptar soluções ao contexto nacional e buscar eficiência contínua, o setor de entregas brasileiro poderá alcançar um novo patamar de competitividade.

Logística Last Mile: Inovações Globais que Podem Transformar o Delivery no Brasil