O iFood transformou o mercado de delivery no Brasil. Após todos esses anos, ele representa mais do que um aplicativo e vai muito além de um simples intermediário entre restaurantes e consumidores. Hoje, a plataforma funciona como um ecossistema completo, conectando estabelecimentos, entregadores e clientes com tecnologia de ponta. Restaurantes de todos os tamanhos, de grandes redes a cozinhas independentes, podem vender online sem precisar investir pesado em marketing ou desenvolver uma mega estrutura de delivery. Com inteligência artificial para personalizar recomendações, campanhas promocionais para ampliar o alcance e uma operação logística estruturada, o iFood possibilita que restaurantes alcancem um grande volume de clientes e expandam suas vendas de forma facilitada.
Existem dois tipos de contrato para o estabelecimento que queira vender por dentro da plataforma. No modelo Fullservice, o iFood cuida de tudo: recebe o pedido, aciona o entregador e garante que a comida chegue ao destino. Para o restaurante, isso significa menos preocupações com logística e mais foco na produção. Mas toda essa conveniência tem um custo: a taxa extra pelo serviço pode comprometer a margem de lucro, tornando essencial avaliar se a comodidade compensa financeiramente.
Já no modelo Marketplace, o restaurante gerencia as próprias entregas, seja com frota própria ou através de uma empresa logística. Isso garante mais controle sobre a operação e, muitas vezes, custos operacionais menores, além do benefício de permanecer com a loja sempre aberta, mesmo em feriados e momentos de chuva forte. Mas para que essa responsabilidade logística seja assumida pelo restaurante, é necessária organização, investimento em tecnologia e um planejamento bem estruturado para manter a eficiência e a qualidade da entrega.
1. Comparação entre os Modelos de Entrega do iFood
O iFood oferece dois principais planos para os restaurantes que vendem pela plataforma:
Plano Marketplace (Básico)
- O restaurante é responsável por suas próprias entregas.
- Comissão de 12% sobre o valor dos pedidos para estabelecimentos que realizam mais de 30 pedidos por mês.
- Taxa de pagamento via iFood de 3,2% sobre os pedidos pagos pelo aplicativo.
Plano Entregas (Fullservice)
- O iFood assume toda a operação de entregas.
- Comissão de 23% sobre o valor dos pedidos após 30 pedidos mensais.
- Taxa de pagamento via iFood de 3,2% sobre os pedidos pagos pelo aplicativo.
A diferença de 11% na comissão entre os planos é aparentemente pequena, porém a análise financeira comprova que essa escolha tem um impacto significativo sobre a lucratividade do restaurante.
2. O Impacto Financeiro na Prática
Visando entender a rentabilidade de cada modelo de contrato, a Pick separou uma análise comparativa detalhada de quatro cenários distintos, levando em conta os custos operacionais e o impacto financeiro de cada escolha. O estudo consiste em uma revelação prática de como uma decisão logística pode impactar diretamente na margem de lucro do seu delivery.
Para uma análise objetiva, consideramos um restaurante que realiza 1.000 entregas por mês, com um ticket médio de R$55,00.
Cenário Hipotético 1- Restaurantes que fazem entrega grátis
Os dois primeiros exemplos consideram que o restaurante não cobra taxa de entrega do cliente, assumindo integralmente os custos com a logística.
Fullservice (iFood cuidando das entregas, sem repasse da taxa ao cliente)
- Receita bruta mensal: R$55.000,00
- Comissão iFood (23%): R$12.650,00
- Taxa de pagamento via iFood (3,2%): R$1.760,00
- Custo médio por entrega via iFood: R$9.000,00 (R$ 9,00 por entrega)
- Total de custos (iFood + Entrega do iFood): R$23.410,00
- Receita líquida: R$31.590,00
Marketplace + Empresa Logística (sem repasse da taxa ao cliente)
- Receita bruta mensal: R$55.000,00
- Comissão iFood (12%): R$6.600,00
- Taxa de pagamento via iFood (3,2%): R$1.760,00
- Custo médio por entrega via empresa logística: R$10.500,00 (R$10,50 por entrega)
- Total de custos (iFood + Entrega própria): R$18.860,00
- Receita líquida: R$36.140,00

A estratégia de Marketplace + Logistica Própria, que oferece taxa grátis de entrega ao cliente, permite que o restaurante deste caso hipotético lucre R$4.550,00 a mais por mês, chegando a R$54.600,00 ao ano.
Ainda que o custo por entrega de uma empresa logística seja maior do que o custo por entrega do iFood, a receita líquida dos contratos Marketplace superam a do contrato completo.
A depender da cidade que está localizada sua operação de delivery, o custo por entrega na logística própria pode ser mais baixo que os R$10,50 do nosso cenário, o que garantiria ainda mais fôlego financeiro.
Cenário Hipotético 2 – Restaurantes que cobram taxa de entrega
Os próximos dois exemplos analisam a situação em que o restaurante repassa a taxa de entrega para o cliente.
No exemplo 2 (marketplace), estabelecemos a cobrança com valor fixo de R$6,99 por entrega. O iFood retém 15,2% dessa quantia, repassando ao restaurante R$5.927,52.
Fullservice (IFood cuidando das entregas, repassando a taxa de entrega ao cliente)
- Fullservice (iFood cuidando das entregas, repassando a taxa de entrega ao cliente)
- Receita bruta mensal: R$55.000,00
- Comissão iFood (23%): R$12.650,00
- Taxa de pagamento via iFood (3,2%): R$1.760,00
- Total de custos: R$14.410,00
- Receita líquida: R$40.590,00
Marketplace + Empresa Logística (repassando a taxa de entrega ao cliente)
- Receita bruta mensal: R$ 55.000,00
- Comissão iFood (12%): R$ 6.600,00
- Taxa de pagamento via iFood (3,2%): R$ 1.760,00
- Receita com taxa de entrega: R$ 6.990,00 (cobrando o valor de R$6,99 do cliente, o iFood retém 15,2%, repassando R$ 5.927,52)
- Custo com logística (R$ 10,50 por entrega): R$ 10.500,00
- Total de custos: R$ 13.932,48
- Receita líquida: R$ 42.067,52

A estratégia de Marketplace + Logistica Própria, com repasse da taxa ao cliente, permite que o restaurante em questão lucre R$1.477,52 a mais por mês, chegando a R$17.730,24 ao ano.
Da mesma forma que no cenário anterior, ainda que o custo por entrega de uma empresa logística seja maior do que o custo por entrega do iFood, a receita líquida dos contratos Marketplace superam a do contrato completo.
Um aumento líquido expressivo, que pode ser ainda maior a depender da localização da operação e de uma possível redução das taxas de entrega de uma empresa logística.
3. Critérios Utilizados na Análise
Para que essa análise comparativa seja objetiva e útil para os restaurantes, alguns critérios foram estabelecidos. Como explicitado acima, o estudo considera um restaurante que realiza 1.000 entregas por mês, com um ticket médio de R$55,00.
Além disso, foram levados em conta os seguintes fatores:
- O preço médio da entrega via iFood e via empresa logística, com base na média de mercado.
- A dedução de que todos os clientes realizam o pagamento pelo aplicativo do iFood, o que inclui a taxa de 3,2%
Embora os valores apresentados sirvam como referência, é importante que cada restaurante analise sua própria operação para identificar o modelo mais vantajoso. Para isso, uma planilha interativa será disponibilizada gratuitamente ao final do artigo.
4. Casos Reais: Economia com a Operação Própria
Até aqui, foram exibidos cenários hipotéticos para ilustrar a diferença de custos entre o iFood Entregas e a operação própria/operação Via empresa. Mas na prática, os resultados podem ser ainda mais expressivos.
Reunimos alguns casos reais de estabelecimentos que adotam um sistema de entregas próprias e conseguiram reduzir seus custos operacionais. Essa redução de custos se expressa significativamente na maior lucratividade para o restaurante através de uma grande economia. Os dados apresentados nas planilhas abaixo são de clientes da Pick n Go que decidiram otimizar sua logística, controlando melhor suas margens e aumentando seus lucros.


Embora os nomes dos restaurantes sejam mantidos em sigilo, os números falam por si: ao assumir a gestão das entregas, esses negócios conseguiram rentabilizar melhor sua operação sem depender exclusivamente das taxas do marketplace.
Ao assumir que a logística não será completamente feita via ifood, cabe ao estabelecimento encontrar a melhor forma de diminuir seus custos e manter a qualidade. Há a possibilidade de se contratar entregadores próprios como também a de contratar uma empresa logística para cuidar das situações. O modelo de operação adequado deve ser uma escolha estratégica levando em conta esses dois pesos.
Não há uma receita de bolo, caso o custo de entrega seja mais acessível e consiga manter o nível de eficiência ideal, certamente será a melhor escolha. Nos casos trazidos acima, por exemplo, as pizzarias e até mesmo a hamburgueria utilizam entregadores próprios e contratados; O número elevado de economia faz desta mega dark kitchen em questão o maior case de sucesso da Pick – com cerca de 20 marcas em uma só cozinha.
Já o restaurante de comida japonesa do cenário 2 utiliza o gerenciamento de uma empresa logística para fazer suas operações. Ambos conseguem lucrar mais utilizando o modelo básico ao invés do plano de entregas completo oferecido pelo iFood.
5. Como a Escolha Pode Variar Conforme o Tipo de Restaurante
O tipo de culinária e o ticket médio influenciam diretamente nessa decisão. Restaurantes que vendem hambúrgueres, pizzas e sushi, geralmente com ticket médio mais alto, conseguem absorver melhor os custos logísticos. Se o volume de pedidos for alto, a logística própria pode ser o caminho mais lucrativo.
Por outro lado, quem vende marmitas ou comida saudável, com ticket médio mais baixo, precisa avaliar se o custo da entrega não compromete os lucros. Nesse caso, o modelo Fullservice pode fazer mais sentido, já que a taxa extra se dilui melhor no valor final do pedido.
Portanto, o volume de pedidos é um fator decisivo na hora da escolha mais rentável. Restaurantes com alta demanda podem se beneficiar ao assumir sua própria logística, reduzindo custos por entrega. Já para quem tem um fluxo irregular, o Fullservice pode ser uma opção mais segura, pelo menos até que o volume cresça e justifique a mudança.
Além disso, há a questão da taxa de entrega. Alguns restaurantes optam por repassá-la ao cliente, enquanto outros preferem assumir esse custo para incentivar pedidos. No entanto, essa é uma decisão estratégica: se a taxa for alta, pode afastar novos clientes, especialmente em segmentos onde o preço é um fator decisivo. Por outro lado, quem já tem uma base fiel ou trabalha com um público que valoriza a qualidade da entrega pode encontrar mais espaço para cobrar essa taxa sem impacto negativo. Como qualquer estratégia no delivery, essa escolha exige análise e um bom entendimento do perfil do consumidor.
Os estabelecimentos que repassam a taxa de entrega ao consumidor e preferem utilizar o modelo de contrato do Ifood Entregas precisam entender que esse valor é cobrado pelo próprio Ifood, o que pode variar conforme a demanda. Em momentos de chuva ou alta demanda, áreas com mais pedidos costumam ser priorizadas pelo algoritmo do Ifood, podendo vir a aumentar o valor e até o tempo de entrega para áreas com menor demanda. Garantir a logística própria, no contrato básico, pode ser uma forma de oferecer mais controle na hora da cobrança e acabar com os preços dinâmicos na hora da entrega.
6. Implementando a Logística Própria: Passos Práticos
A transição para a logística própria exige planejamento. O primeiro passo é escolher um parceiro logístico confiável, considerando fatores como tempo médio de entrega, qualidade do serviço e disponibilidade dos entregadores. Além disso, é essencial garantir que a empresa tenha capacidade para atender à demanda do restaurante, especialmente em horários de pico. Avaliações de outros clientes e um período de teste antes da contratação ajudam a tomar uma decisão mais segura.
Negociar boas condições contratuais é fundamental para manter os custos sob controle. Comparar diferentes fornecedores, avaliar preços por entrega e verificar a possibilidade de descontos para altos volumes pode fazer toda a diferença. Além disso, optar por contratos flexíveis permite ajustes conforme a sazonalidade, garantindo economia nos períodos de menor demanda e maior eficiência em datas movimentadas.
A implementação de tecnologia também é essencial para garantir o controle total das entregas. O rastreamento em tempo real melhora a comunicação e evita falhas operacionais. Já a gestão de escalas deve ser bem planejada, podendo seguir dois modelos principais: fixo, que garante estabilidade para operações com volume previsível, ou nuvem, que oferece flexibilidade para ajustar a equipe conforme a demanda. A escolha entre os modelos deve levar em conta o fluxo de pedidos e a necessidade de manter a operação eficiente e sem desperdícios.
7. Conclusão
O iFood abriu portas e simplificou o acesso ao mercado de delivery, isso é inegável. Porém o segredo para conseguir lucrar mais está em entender sua operação, calcular os custos e decidir qual caminho faz mais sentido para o seu restaurante.
No fim das contas, a escolha certa não é sobre pagar menos ou mais, e sim sobre garantir que cada real investido esteja trabalhando para aumentar seu lucro – e não apenas sua conveniência. Caso seu restaurante esteja preparado e queira ter maior controle sobre os custos, além de visar um aumento significativo na margem de lucro, vale a pena considerar essa mudança!
Baixe agora a planilha, insira seus dados e descubra qual o melhor modelo logístico para você!