
A partir de junho de 2025, o iFood implementará um reajuste nos valores pagos aos entregadores parceiros. A nova tabela inclui aumento no valor mínimo por entrega e ajustes por quilômetro rodado, além de ampliar os benefícios oferecidos pela plataforma. A mudança acontece em um cenário competitivo mais acirrado, com retorno e entrada de novos players no mercado e crescente atenção sobre a estrutura de custos do delivery no Brasil.
Embora os valores extras sejam pagos diretamente aos entregadores, essa atualização afeta a lógica operacional do setor como um todo. O equilíbrio entre comissões, taxas, tempo de entrega e margem de lucro se torna ainda mais delicado — e exige dos restaurantes uma leitura estratégica do momento para manter a eficiência, o controle dos custos e a experiência do cliente.
O que muda no iFood a partir de junho
A partir de 1º de junho de 2025, o iFood aplicará um reajuste nos valores mínimos pagos por entrega aos entregadores parceiros. Os novos pisos serão de:
- R$ 7,00 para entregadores de bicicleta
- R$ 7,50 para entregadores de moto ou carro
Anteriormente, o valor mínimo era de R$6,50, o que representa um aumento de 7,7% para ciclistas e 15,4% para quem utiliza veículos motorizados — variações superiores à inflação acumulada de 2024, que ficou em torno de 4,8%.
Esse reajuste também vem acompanhado de outras atualizações importantes:
- Entregas de bicicleta foram limitadas a até 4 km, desde janeiro de 2025, respeitando a capacidade física do modal.
- O seguro gratuito para entregadores foi ampliado: o período coberto por Diária de Incapacidade Temporária (DIT) subiu de 7 para 30 dias, e a indenização por acidente grave passou de R$100 mil para R$120 mil.

Segundo comunicado oficial, o iFood afirmou que o custo adicional será absorvido pela própria empresa, sem aumento de comissões ou repasse para restaurantes e consumidores — ao menos neste primeiro momento. A empresa afirmou: “O reajuste será integralmente coberto pelo iFood, sem impacto no valor das taxas cobradas aos nossos parceiros.”
Com isso, o iFood tenta se posicionar como uma empresa sensível às demandas dos entregadores, enquanto mantém sua atratividade para restaurantes e consumidores. Mas, num ambiente de mercado em constante transformação, essa decisão pontual também levanta outras questões — principalmente sobre o futuro das taxas e os efeitos indiretos no ecossistema.
Exemplo prático: quanto o novo modelo pode afetar os custos de entrega
O iFood declarou publicamente que o reajuste nos valores pagos aos entregadores não será repassado aos restaurantes ou consumidores. Em outras palavras, a empresa promete absorver o aumento dentro da sua própria operação, sem alterar os planos contratados nem as taxas atualmente cobradas dos parceiros.
No entanto, é essencial que os restaurantes entendam o que isso significa na prática — especialmente no modelo Fullservice, no qual o iFood cuida de toda a operação logística e cobra uma taxa adicional sobre os pedidos para realizar as entregas. Nessa modalidade, os custos logísticos compõem parte da comissão total. Assim, qualquer aumento no custo por entrega, como o reajuste da taxa mínima dos entregadores, normalmente impactaria diretamente a margem da plataforma — mas neste momento, a empresa afirma que arcará com essa diferença sem repassá-la aos estabelecimentos.
Por exemplo, imagine um restaurante que realiza 1.000 entregas mensais, sendo 30% delas percursos curtos que recebem a tarifa mínima:
- Antes do reajuste:
300 entregas mínimas x R$ 6,50 = R$ 1.950 pagos aos entregadores - Após o reajuste:
300 entregas mínimas x R$ 7,50 = R$ 2.250
A diferença é de R$300 mensais, apenas considerando as entregas mínimas. Embora o custo adicional do reajuste, neste momento, esteja sendo absorvido pelo iFood, não há garantia de que isso será mantido a longo prazo. A depender do comportamento da concorrência, da pressão dos entregadores e da sustentabilidade do modelo, essa diferença pode futuramente ser compensada pela empresa de forma indireta — como com a redução de subsídios promocionais, ajustes graduais em comissões ou alterações nos planos comerciais oferecidos aos restaurantes.
Já para os restaurantes que operam com entregas próprias ou terceirizadas, o impacto é mais direto: se quiserem manter entregadores satisfeitos, pode ser necessário revisar os valores pagos por rota devido à competitividade. Isso torna ainda mais essencial um bom planejamento de logística, roteirização e controle de custos — áreas em que a tecnologia pode ser uma grande aliada.
Por que esse reajuste está acontecendo agora
O reajuste ocorre em um momento de efervescência no setor. Greves e paralisações por melhores condições de trabalho aumentaram a pressão sobre o iFood. Ao mesmo tempo, plataformas concorrentes como 99Food e Rappi anunciaram a isenção de comissão para restaurantes por até 2 anos, acirrando a disputa por adesão de estabelecimentos e entregadores.
O movimento também reflete uma tentativa de profissionalização do setor, antecipando possíveis exigências regulatórias futuras. Em um cenário de fiscalização crescente, medidas que demonstrem compromisso com entregadores tornam-se estratégicas.
Como os entregadores e o mercado reagem
Para os entregadores, o aumento representa uma melhoria concreta em relação à tabela anterior, que muitas vezes resultava em ganhos baixos para percursos curtos. A nova política também valoriza entregas de maior distância, com remuneração proporcional ao esforço.
No entanto, parte da categoria segue cobrando maior participação nas decisões e transparência sobre como os valores são definidos por corrida.
Do lado das plataformas, esse movimento sinaliza uma tentativa de evitar a fuga de entregadores para concorrentes. A 99Food, por exemplo, já iniciou o retorno ao mercado com foco em atrair entregadores oferecendo boas condições e maior previsibilidade de ganho. A Meituan, que estuda sua entrada no Brasil, também deve trazer uma abordagem agressiva em relação a isso.
O que os restaurantes podem (ou devem) fazer agora
Com o reajuste nas taxas mínimas aos entregadores, restaurantes que operam com delivery precisam adotar uma postura mais estratégica diante de um cenário que, embora aparentemente estável, pode rapidamente mudar. A distinção entre os modelos logísticos adotados torna-se ainda mais relevante neste momento.
Para quem utiliza o modelo Fullservice do iFood, onde a entrega é terceirizada para a própria plataforma mediante uma comissão mais alta, o impacto imediato parece nulo — já que o iFood garantiu que absorverá o reajuste sem repassá-lo aos parceiros ou consumidores. Ainda assim, é prudente que o restaurante monitore possíveis efeitos secundários no médio prazo. Isso pode significar a redução de incentivos e subsídios, alterações na estrutura dos planos comerciais ou mesmo mudanças futuras nos contratos. Estar atento a esses sinais permite que o restaurante reaja com rapidez e, se necessário, reavalie a viabilidade do Fullservice frente a alternativas.

Para os restaurantes que operam com logística própria ou empresas terceirizadas, o aumento estabelecido pelo iFood acaba se tornando um novo patamar de referência no mercado. Entregadores autônomos passam a ter expectativas mais altas de remuneração, e empresas logísticas podem revisar suas tabelas de preço em função disso. Aqui, o caminho mais seguro passa por planejamento: reavaliar o custo por entrega, buscar eficiência nas rotas, evitar ociosidade nas escalas e renegociar contratos com base em dados reais da operação são movimentos-chave.
Independentemente do modelo adotado, o mais importante agora é ter visibilidade dos custos logísticos, capacidade de antecipar cenários e ferramentas que permitam tomar decisões embasadas. Plataformas como a Pick n Go apoiam esse processo, oferecendo soluções tecnológicas que otimizam desde o rastreamento de pedidos até a roteirização inteligente e o controle de desempenho por canal. Em um mercado em transformação, adaptar-se com inteligência é o que permite manter a margem e seguir competitivo.
Como a tecnologia pode ajudar a equilibrar esse jogo
Em momentos como este, contar com ferramentas que ajudem a otimizar o delivery é ainda mais importante. A Pick n Go atua justamente nesse ponto, ajudando restaurantes e operadores logísticos a gerenciarem entregas com mais eficiência, previsibilidade e controle.
A empresa oferece soluções para quem trabalha com entregadores próprios ou terceirizados, incluindo:
- Roteirização automática para reduzir tempo e custo
- Painel de controle com análise de performance em tempo real
- Integração com canais de venda (site próprio, WhatsApp, marketplaces)
- Rastreamento em tempo real para clientes e equipe
O objetivo é que o restaurante mantenha margens saudáveis mesmo em um cenário de reajustes, operando com mais segurança e previsão.
Considerações finais
O reajuste do iFood para entregadores é mais um capítulo das transformações do delivery no Brasil. Ele reflete uma pressão crescente por condições mais justas e um mercado mais profissionalizado. Para os restaurantes, isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade de adaptação.
Manter-se informado e reagir com agilidade a cada mudança é fundamental. Com ferramentas certas e boas escolhas operacionais, é possível enfrentar os ajustes com mais segurança e manter a rota do crescimento.
E é nesse caminho que a Pick n Go segue ao lado dos restaurantes: ajudando a transformar mudanças em vantagem estratégica.
