
Em 2025, o mercado de delivery de alimentos no Brasil ganhou uma nova dinâmica com a chegada oficial da Meituan, a maior plataforma de delivery do mundo. A gigante chinesa, conhecida por sua operação massiva e diversificada em mercados internacionais, decidiu investir no Brasil com o objetivo de disputar espaço com o iFood, que detém a principal e maior fatia do mercado. Este movimento da Meituan não pode ser visto apenas como uma expansão geográfica, mas como uma verdadeira transformação do setor, trazendo consigo novos desafios, oportunidades e uma verdadeira “guerra de comissões” entre os principais players do mercado.
Em maio, a Meituan anunciou um investimento de R$5,6 bilhões nos próximos cinco anos para consolidar sua operação no Brasil. Esse montante será direcionado à expansão da plataforma, otimização logística e atração de restaurantes e consumidores. Com o nome de KeeTa – a marca com a qual a Meituan irá atuar no Brasil – a gigante chinesa se posiciona como uma alternativa agressiva no mercado, visando oferecer taxas mais competitivas e soluções logísticas mais eficientes.
Como a Meituan Afeta o Mercado Brasileiro de Delivery
A entrada oficial da Meituan no Brasil reforçou a já crescente pressão sobre o mercado de delivery, mas o impacto dessa chegada pode ser percebido de forma ainda mais nítida quando se observa a sequência de reações que começou antes mesmo do anúncio oficial da empresa. O iFood, como líder isolado do setor, tem enfrentado uma série de críticas, especialmente em relação às suas altas comissões, o que culminou em protestos de restaurantes e até boicotes em algumas regiões.
Antes da divulgação oficial a respeito da vinda da Meituan para o Brasil, muitos já suspeitavam das investidas chinesas em territórios nacionais e de possíveis mudanças no cenário atual de delivery. No final de abril, a 99Food, já estava pronta para anunciar seu retorno ao mercado brasileiro, trazendo uma campanha agressiva de reinício para arrecadação de clientes: taxa zerada para restaurantes parceiros pelos próximos 2 anos. Não muito depois, a Rappi, também deu sinais claros de que quer se manter no pódio das empresas de delivery no Brasil: anunciou um investimento de R$1,4 bilhões até 2028 e uma estratégia de isenção de comissões por três anos, para não só atrair novos parceiros, mas fidelizar as atuais parcerias.

É certo deduzir que o movimento de expansão e competitividade já tenderia a acontecer em um país onde o mercado de delivery é dominado majoritária e absolutamente (cerca de 80%) por uma única empresa. Porém o período específico que as atitudes empresariais ocorreram diz respeito a rumores da chegada de uma gigante em território nacional. Foi a vinda da Meituan que alavancou esse cenário para um novo nível, trazendo investidas agressivas de um mercado que prevê mudanças, especialmente com uma política que tende a ser mais competitiva em relação às comissões e com um modelo de subsídio de taxas de entrega para o consumidor. Isso coloca o iFood, líder isolado até então, sob grande pressão, forçado a repensar suas estratégias, em um mercado que tende a se tornar cada vez mais acirrado.
Guerra de Taxas: A Dinâmica de Redução e os Seus Efeitos
A guerra de taxas no mercado de delivery ganhou força com a volta da 99Food e os movimentos da Rappi. A 99Food, controlada pela Didi, retornou no momento certo para capturar um mercado insatisfeito com as altas taxas do iFood. Isenção de taxas por dois anos é exatamente o que mexe com o bolso do dono de restaurante, trazendo o momento e a oportunidade perfeita para quem já não encontrava lucratividade em sua operação: o momento de melhorar a balança. A Rappi também não ficou pra trás e escolheu cooperar tanto para sua base atual quanto para novos clientes, zerando a comissão por 3 anos.
Essas estratégias imediatas trouxeram benefícios claros para os restaurantes, que vão ter mais opções de plataformas, com taxas menores ou zeradas. Porém, como em outros setores que já passaram por guerras de preços, como o de telecomunicações, espera-se que essa redução não seja sustentável a longo prazo, com as plataformas possivelmente ajustando suas comissões após o período promocional.
Para os restaurantes, a principal vantagem é a redução de custos, mas a multiplicidade de plataformas também exige uma gestão mais integrada das operações: o que cabe ao restaurante se organizar ou buscar plataformas capases de fazer bem essa integração, como é o caso da Pick n Go.
Já para os consumidores, a competição resultou em preços mais baixos, mas também aumentou a exigência quanto à qualidade do serviço. A médio e longo prazo, a guerra de taxas tende a dar espaço para um modelo mais equilibrado e eficiente, em que as plataformas vão precisar agregar mais valor aos restaurantes para justificar comissões mais altas.

A situação do iFood: Estratégias para Manter sua Liderança no Mercado
Com a crescente pressão sobre as taxas e a definição de um novo grupo de concorrentes (Rappi, 99Food e Meituan) o iFood não poderia ficar parado. As movimentações feitas pelos outros Apps fizeram com que a empresa revisse suas estratégias. Especialmente diante de manifestações e até mesmo boicotes – como foi o caso da FHORES-SP, que em maio conclamou seus membros a abandonarem a plataforma devido às altas taxas de comissão – o lider do mercado teve de tomar medidas para conter a erosão de sua base de parceiros.
Uma das principais ações do iFood foi o investimento em melhorias para seus entregadores. Em resposta a reivindicações de melhores condições de trabalho e aumento de tarifas mínimas, a plataforma aumentou o valor da entrega mínima para os entregadores de moto e bicicleta e ampliou o seguro de acidentes, visando melhorar a retenção de sua rede logística e minimizar os impactos de boicotes e protestos.
Além disso, a aquisição de três empresas de tecnologia, Saipos, PDV+ e 3S Checkout, em abril deste ano, foi uma ação estratégica para melhorar a oferta de soluções de gestão para os restaurantes. Desse modo, o iFood visa melhorar a experiência dos restaurantes em sua plataforma e fortalecer sua posição como uma empresa líder de mercado, buscando soluções tecnológicas para seu ecossistema de delivery. Cabe aguardar mais ações da empresa para impedir a evasão da sua base para a concorrência.
O Papel da Tecnologia na Transformação do Delivery e no Sucesso dos Restaurantes
A tecnologia desempenha um papel crucial nessa transformação do mercado de delivery. O cenário atual exige soluções tecnológicas inovadoras que ajudem os restaurantes a gerenciar as diversas plataformas de entrega e otimizar suas operações, aumentando a eficiência e reduzindo os custos.
A Pick n Go, como sistema, já oferece soluções para restaurantes que desejam otimizar seus processos, agregando todos os pedidos (de diferentes Apps) em uma única interface, graças à integração. Esse tipo de tecnologia para facilitar a gestão de múltiplos canais de vendas de forma eficiente, será essencial para restaurantes que buscam se manter competitivos no mercado brasileiro.
Além disso, com a chegada da Meituan e seus investimentos tecnológicos, espera-se que o mercado de delivery se torne ainda mais digitalizado. Haja vista sua operação em Hong Kong: Drones, inteligência artificial e automação, podemos notar quais são as tendências mais fortes que podem transformar a logística de delivery nos próximos anos. As inovações tecnológicas da Meituan podem, no futuro, alterar completamente a maneira como as entregas são realizadas, mas isso ainda é algo a ser observado, à medida que a empresa lida com as especificidades do mercado brasileiro.
Considerações Finais: O Futuro do Mercado de Delivery no Brasil
O mercado de delivery no Brasil está passando por um processo de transformação significativa. A chegada da Meituan e a intensificação da guerra de taxas entre os players consolidam um cenário cada vez mais competitivo, no qual os restaurantes ganham mais opções de plataformas, melhores condições comerciais e maior poder de negociação.
A tecnologia desempenhará um papel fundamental nesse processo, ajudando os restaurantes a otimizar suas operações e até aumentar lucros. As empresas de delivery estão se tornando cada vez mais integradas com as soluções tecnológicas, e quem souber aproveitar esse movimento terá vantagem competitiva.
Com a presença crescente de novos concorrentes e a constante inovação tecnológica, os próximos anos no setor de delivery brasileiro prometem ser desafiadores, mas também repletos de oportunidades. A chave para o sucesso será a capacidade dos restaurantes de se adaptar rapidamente a essas mudanças, aproveitando as novas condições oferecidas pelas plataformas e as soluções tecnológicas para melhorar a eficiência e a rentabilidade.
